segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Razão nenhuma pra escrever

Eu fico procurando razão pra escrever. Crio blogs compulsivamente. 99% são anônimos ou quase (porque é preciso divulgá-los, se não eu escreveria nas paredes do quarto e daria no mesmo). Eu não sei o que é isso, essa mania de reviver tudo através do texto. Quem vê metade do copo cheio, pode achar que é terapia. Quem vê metade do copo vazio, pode achar que é vício. Ou falta do que fazer. Eu só vejo um copo com água, e eu vou tomar esta água com ou sem sede.
Porque é isso o que eu faço. Seco o copo e fito o fundo. Mas não consigo encarar este fundo por muito tempo e, então, peço mais uma dose. É claro que eu to a fim.
Quantos blogs eu terei antes de escrever um livro? É mais fácil eu escrever um roteiro de curta e conseguir filmá-lo. Porque cinema não é literatura, nunca será. Por mais que a maioria dos que escrevem hoje em dia, escrevam, por assim dizer, de um jeito cinematográfico.
Na vida, tudo o que passa é frame.
Queremos as partes e não o todo. Não o fundo.
Queremos as citações e alguns capítulos da biografia; não ler a obra completa, ou mesmo um livro até o fim. Nada disso. É a era dos blogs, orkuts e twitters. Você pode escrever em qualquer lugar e escrever o que quiser, mas é limitado o número de caracteres a serem usados.
No blog, você até escreve o quanto quiser. Mas quem entra, acha que vai dar tanto tabalho ler um texto com mais de 500 caracteres quanto ler Ulisses.
Eu nunca li Ulisses.
Estou entre a vitrola e o Blue Ray.
Mas sigo escrevendo. Não sei se é literatura o quê faço. Pra mim, é música.